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A partir de hoje o Blog inicia uma nova Série intitulada Pesquisas em Desenvolvimento, com a publicação de Resumos Expandidos das Pesquisas em Desenvolvimento pelo corpo de pesquisadores do GREM, neste ano de 2009.
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Nesta nova Série, serão postados resumos individuais dos pesquisadores com um informe sobre suas pesquisas e uma pequena bibliografia referencial de apoio. Será informada, também, a linha de pesquisa do GREM a que estão vinculadas.
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Esta Série Pesquisas em Desenvolvimento tem início com a publicação do Resumo Expandido da pesquisa da pesquisadora Anne Gabriele Lima Sousa. A pesquisa em desenvolvimento de Anne Gabriele tem como objetivo a obtenção do título de Doutor em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco.
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Vamos, então, para o primeiro número da Série Pesquisas em Desenvolvimento.
A partir de hoje o Blog inicia uma nova Série intitulada Pesquisas em Desenvolvimento, com a publicação de Resumos Expandidos das Pesquisas em Desenvolvimento pelo corpo de pesquisadores do GREM, neste ano de 2009.
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Nesta nova Série, serão postados resumos individuais dos pesquisadores com um informe sobre suas pesquisas e uma pequena bibliografia referencial de apoio. Será informada, também, a linha de pesquisa do GREM a que estão vinculadas.
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Esta Série Pesquisas em Desenvolvimento tem início com a publicação do Resumo Expandido da pesquisa da pesquisadora Anne Gabriele Lima Sousa. A pesquisa em desenvolvimento de Anne Gabriele tem como objetivo a obtenção do título de Doutor em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco.
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Vamos, então, para o primeiro número da Série Pesquisas em Desenvolvimento.
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A linha de pesquisa do GREM que a pesquisa em desenvolvimento de Anne Gabriele está alocada é a Estudos em Sofrimento Social e Sociabilidade.
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Título da Pesquisa: Valores, emoções e construção de identidades de moradores das ruas de João Pessoa, Paraíba, Brasil
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Pesquisador: Anne Gabriele Lima Sousa
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Resumo: Esta pesquisa busca compreender os processos simbólicos que permeiam a construção dos vínculos sociais e a elaboração das referências emocionais que dão sentido a uma subcultura da vida de rua, a partir das respostas adaptativas e das estratégias de sobrevivência que permeiam as redes de sociabilidade dos indivíduos adultos em situação de rua, inerentes ao cenário urbano da cidade de João Pessoa, capital do estado da Paraíba.
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Busca-se, sobretudo, apreender as relações intersubjetivas dos indivíduos em situação de rua em sua vida cotidiana nos espaços físicos (com valor funcional) e simbólicos (com valor afetivo), a partir do modo como constroem suas memórias afetivas e, a partir delas, se localizam, se posicionam, percebem o mundo social e interagem com ele.
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A pesquisa está em desenvolvimento e objetiva a composição da minha tese de doutorado em sociologia, com defesa prevista para fevereiro de 2011.
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A apreensão dos processos simbólicos que permeiam as formações societárias entre os indivíduos em situação de rua de João Pessoa busca suporte analítico nas reflexões despertadas pela Sociologia das Emoções (KOURY, 2001, 2003 e 2005), pela Sociologia do Reconhecimento (SOUZA, 2003 e 2006; TAYLOR, 1995 e 1997a), pela Sociologia da Vida Cotidiana (GOFFMAN, 1988 e 1989; MARTINS, 2000 e 2003) e pela Sociologia da Cultura (BOURDIEU, 1992, 2001 e 2007), promovendo o debate teórico-metodológico entre áreas de concentração distintas, mas que interligam-se na análise do comportamento social contemporâneo.
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A compreensão da dinâmica encenada pelos atores da pesquisa vem sendo realizada através de um esforço etnográfico, de descrição e interpretação das práticas e das rotinas que permeiam as relações inerentes ao campo, permitindo um conhecimento mais detalhado sobre ele.
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O contato inicial com os atores da pesquisa se deu por intermédio das ONG’s e dos demais órgãos que desenvolvem algum tipo de atividade com esta população. O acompanhamento das atividades das organizações, com o intuito de observar e me fazer ser percebida e reconhecida, visou, principalmente, minimizar o estranhamento da população em relação à figura de pesquisadora estrangeira ao grupo, para a construção de uma relação de confiança recíproca, favorecendo a natureza do processo interativo, necessário para o desenvolvimento das demais etapas da pesquisa.
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Identificados os informantes-chaves para o aprofundamento das questões relevantes para a pesquisa, o momento seguinte foi o de dissociar a minha posição de pesquisadora com a imagem institucional do órgão que intermediou a primeira aproximação com os atores. Esse esforço foi necessário, para que pudesse, uma vez já estabelecido o contato, construir relações mais estreitas com os informantes, para que me fosse permitido acesso ao conjunto de experiências e de significados que dão sentido às trocas interacionais, ambíguas e contraditórias, provindas do multipertencimento nas distintas situações de inserção, nas redes de sociabilidade em que eles fazem partem.
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A partir desses informantes-chaves, a seleção dos demais informantes têm sido do tipo bola de neve, onde o diálogo com determinado informante revela personagens significativos para a compreensão do fenômeno social investigado. Tem-se, no entanto, buscado abarcar indivíduos com características diferenciadas, de modo a oferecer um amplo conjunto de interpretações sobre o mundo social do qual fazem parte, bem como a identificar os diferentes tipos que compõem esta população, no que tange aos seus padrões de inserção e estilo de vida adotado na rua.
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As entrevistas orais têm sido realizadas em profundidade, através de encontros sucessivos com o mesmo informante, no intuito de captar os distintos elementos inerentes às suas trajetórias sociais, culturais e emocionais, bem como perceber ênfases e contradições nas suas narrativas.
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Apreender as emoções expressas nas narrativas implica compreender a relação que os indivíduos estabelecem com o mundo social que eles tecem e que adquire sentido para eles, na elaboração das memórias afetivas de suas experiências urbanas.
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Servindo-se da memória como ferramenta de elaboração das lembranças e de localização e inscrição do sujeito em um contexto sociocultural específico, a pesquisa tem buscado levantar como se dá a construção de suas identidades sociais e de suas redes de sociabilidade, bem como analisar como se configura os processos de enraizamento e pertença entre os diferentes grupos de indivíduos que compõem a população em situação de rua.
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Os indivíduos urbanos em situação de rua, população situada no nível mais baixo da estrutura de classes, estão localizados em uma posição de estigmatização (GOFFMAN, 1988) e extrema exclusão, por adquirirem visibilidade a partir da não participação legítima, arbitrária ou inevitável, das convenções sociais reclamadas para a aceitabilidade e reconhecimento no cenário social urbano contemporâneo, tais como casa (em uma concepção que a compreende enquanto espaço privado e endereço fixo), trabalho (ocupação formal e fixa) e família (dentro do modelo tradicional de estrutura familiar), entre outros. Além disso, a materialidade através da qual o corpo dos indivíduos em situação de rua é percebido, ao contrariar os padrões socialmente instituídos de etiqueta corporal, justificam a impossibilidade de integração desses indivíduos ao cenário urbano de forma assentida.
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A dissociação desses modelos classifica esses indivíduos como não-adequados à vida pública urbana, por situarem-lhes como o contrário, ou o negativo, dos tipos aceitáveis de indivíduos.
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Segundo Martins (2000), estranhos e prejudiciais ao espaço, sobretudo à sua imagem, os trajetos desses indivíduos causam desconforto e embaraço aos demais habitantes urbanos, onde o seu afastamento assume os traços de medo de contágio.
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Isto se dá porque, no imaginário social predominante na atualidade, a pobreza econômica é vista como solo da desagregação moral e, neste sentido, a condição de pobreza extrema é sempre passível de se converter em marginalização (Telles, 1990). O indivíduo em situação de rua, nesta direção, é reduzido à condição de coisa descartável (MARTINS, 2003), percebido por grande parte da sociedade a partir de classificações pejorativas, como marginais, vagabundos, bêbados, loucos, ladrões, entre outras representações, que refletem a ótica hierarquizada e o princípio de repugnância a partir do qual são qualificados (SERRANO, 2004).
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Além da postura de desprezo, outra postura assumida pelas outras parcelas da população urbana, é responsável pela reafirmação da inferioridade dos indivíduos em situação de rua. Trata-se, das expressões de compaixão, que demarcam o lugar do outro, subalterno, digno de piedade e caridade, distanciando-o da posição de igualdade (COELHO, 2003).
Para Snow e Anderson (1998), se, de um lado, esses indivíduos são objeto de medo e desprezo, pois se considera que eles ameaçam o bom funcionamento social, por outro lado, são dignos de compaixão, pois se acredita que eles consistam em vítimas das forças sociais e do azar. Há, em ambos os casos, o reconhecimento da sua subalternidade frente aos demais.
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A pesquisa tem buscado dar voz aos protagonistas dessas relações, dando realce às suas subjetividades e à construção de significados acerca de si mesmos e dos demais indivíduos, em meio aos processos interativos aos quais são submetidos em sua vida cotidiana nos espaços públicos citadinos, bem como às emoções despertadas por tais vivências, analisando os elementos e práticas sociais que mediam a instituição de uma subcultura da vida de rua.
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As trajetórias sociais heterogêneas reveladas na coleta de dados têm descortinado diferentes mecanismos de inserção, estratégias de sobrevivência e formas de sociabilidade, fundando estilos de vida distintos entre os indivíduos em situação de rua, atores desta pesquisa.
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Apesar da incompletude do trabalho de campo não permitir considerações definitivas sobre os resultados pesquisa, algumas características podem ser elucidadas, a fim de esboçar algumas questões que cerceiam o cotidiano da vida de rua na cidade de João Pessoa.
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A intensa mobilidade sócio-espacial faz com que o nomadismo figure como uma das características mais comuns da vida de rua. Diante da supervalorização do trabalho formal como única possibilidade de inserção e reconhecimento do indivíduo pobre em certas estruturas sociais contemporâneas, a migração por entre cidades, estados e países apresenta-se como uma densa prática exercida por indivíduos situados em classes menos favorecidas economicamente, oriundos, principalmente, de áreas geográficas precárias, que se dirigem aos centros urbanos na procura por alternativas de sobrevivência material.
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Para Martins (2000), os processos migratórios vivenciados por indivíduos que já preliminarmente suprimiram seus valores sociais de referência em prol da busca por oportunidades de trabalho, são intensificados pelo não-reconhecimento de um espaço como um lugar de familiaridade, de formação de vínculos, levando o indivíduo a deslocar-se incessantemente por diferentes regiões físicas e morais. Esse desenraizamento revela a ausência de integração do indivíduo com as redes de sociabilidade do meio em que habita, levando-o a migrar em busca de um espaço de participação e de reconhecimento, que lhe ofereça a sensação de pertencimento.
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O contexto de instabilidade socioespacial encenado por grande parte da população de indivíduos em situação de rua nos centros urbanos produz um jogo de reflexos, onde os movimentos migratórios na busca pela sobrevivência material dificultam o estabelecimento de vínculos fortes e de relações duradouras, ao mesmo tempo em que a impermanência dos vínculos e o enfraquecimento das redes próximas de proteção amplia a sua propensão aos deslocamentos territoriais.
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Apesar da maior parte da população em situação de rua de João Pessoa ser proveniente do próprio estado, e de muitos, inclusive, possuírem parentes na própria cidade, quase a totalidade dos informantes abordados pela pesquisa até o momento, já migraram para outros estados em busca de trabalho ou da construção de vínculos que lhes oferecessem conforto emocional, em meio às conjunturas protagonizadas pelos mesmos ao longo de suas vidas.
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A pertença, segundo Koury (2001) é o fundamento da percepção dos sujeitos da sua auto-imagem e do seu lugar no mundo. Entre os entrevistados, principalmente entre os idosos, o retorno à cidade de origem representa a busca por reencontrar suas raízes, diante do sentimento de pertença com o local. Mesmo diante das rupturas originais que levaram aos deslocamentos, a impossibilidade da construção de vínculos suficientemente sólidos com os locais por onde migraram, favorecem o retorno às origens como modo de buscar um lugar de familiaridade, a partir do qual podem reconhecer a si mesmos.
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No que tange às causas que levam ao desabrigo, estes não têm origem exclusivamente estruturais, nem tampouco individuais, mas residem na interação entre esses dois elementos, assumindo uma forma espiral, onde um fator deflagra o outro, simultaneamente.
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No caso desta pesquisa, a erosão de uma rede de apoio familiar solidária tem se apresentado como o principal fator de ingresso dos indivíduos nas ruas. Na sociedade contemporânea, onde a família é percebida como suporte material e afetivo dos indivíduos, amortecedor institucional entre as estruturas sociais do mundo mais amplo e suas estruturas psíquicas, e principal instituição formadora de seus valores, atitudes e padrões de conduta (GOLDANI, 2002), a deficiência das bases relacionadas a essa estrutura pode levar a uma desorganização das estruturas emocionais dos indivíduos. Quando os indivíduos não conseguem suportar as adversidades, ou não encontram no plano familiar amparo para as suas dificuldades, o ingresso na rua muitas vezes se revela como fuga, ou mesmo como única alternativa à crise instaurada.
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Associado à falta de uma base familiar sólida, o álcool figura, não apenas como um dos principais personagens da composição de uma subcultura da vida de rua, mas como um dos principais fatores de fragmentação familiar e causa de ingresso nas ruas. As experiências narradas pela maior parte dos informantes têm revelado o alcoolismo, mais como princípio motor determinante da situação de rua, do que apenas uma via de fuga alternativa das adversidades em que são sujeitados em seus contatos intramundanos.
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A memória social constituída pelas experiências dos indivíduos em situação de rua, em meio às constantes reorganizações socioespaciais que a vida nas ruas os submetem, tem se revelado pelas narrativas como permeada de um contínuo processo de ressignificações, onde passado, presente e futuro adquirem sinais de descontinuidade. Os relatos revelam uma instabilidade na forma como o passado é reconstruído, ora a partir de embelezamentos favoráveis, ora ressaltando intensas dores e desilusões.
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É comum, entre os indivíduos recém-imersos na rua, a negação em relação à sua condição de desabrigo, como uma tentativa de fuga das relações de hostilidade em que se vêem sujeitos e, sobretudo, como modo de reafirmar o seu valor como ser humano, lesado pelos lembretes de sua extrema inferioridade, reproduzidos nas circunstâncias corriqueiras.
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No entanto, à medida que o tempo na rua vai cristalizando a vivência em seu interior, os indivíduos passam a se familiarizar com as circunstâncias que a permeia, passando a atribuir sentidos a si mesmos e reivindicando suas identidades sociais no interior da conjuntura em que se encontram (Snow e Anderson, 1998).
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O reconhecimento de si mesmo como pertencente ao espaço da rua carrega consigo toda a carga internalizada que concebe a rua como espaço de desorganização, destituída de qualquer moralidade, evidenciando com isso um acordo de subalternidade do indivíduo em relação ao seu valor próprio e ao significado da sua existência na rua (TAYLOR, 1997a).
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Nesta direção, as narrativas dos atores da pesquisa acerca das circunstâncias cotidianas experienciadas por eles têm revelado um consenso incutido socioculturalmente no modo como olham para si e se colocam no mundo, através de um auto-reconhecimento do seu estado de inferioridade frente aos demais, a partir da interiorização dos mesmos critérios utilizados pela autoridade externa para classificá-los como inferiores. Assim, os indivíduos em situação de rua se comportam e percebem as situações a partir da concordância de que valem menos que os demais indivíduos, têm menos direitos e são menos dignos de respeito (SOUZA, 2003 e 2006).
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Há, desta forma, uma naturalização da desigualdade, compondo regras de convivência em seu interior, onde a diferença e a necessidade passam a ser encaradas como habituais, condição dada pela natureza e assumida como um fado do qual não se pode fugir (BOURDIEU, 2001 e 2007).
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As questões explanadas nas linhas precedentes, entre outras relações identificadas no campo até o momento, não devem ser tomadas como definitivas, pois, uma vez que a pesquisa empírica está em andamento, outros elementos podem ser identificados, alterando também as percepções sobre o objeto estudado e os rumos da análise.
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Além disso, a diversidade de contextos revelados nas histórias de vida e nas experiências cotidianas dos entrevistados faz com que a posição dos indivíduos frente aos elementos identificados assuma contornos distintos, diferenciando-os e configurando tipos específicos de moradores de rua.
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Neste sentido, as posições dos indivíduos quanto aos fatores que os levaram para as ruas, o tempo de moradia nas ruas, suas aspirações de sair ou permanecer, suas disposições a enraizamentos ou desenraizamentos territoriais, bem como suas posturas em relação ao álcool ou outras drogas, suas escolhas em relação ao modo de dormir e de adquirir dinheiro e bens materiais, e o modo de perceberem a si mesmos, o mundo social e a se localizarem e interagirem com ele, funda semelhanças e gera distinções entre pautas comportamentais, descortinando tipos identitários distintos, arrolados a estilos peculiares de vida. Traça-se, desta forma, os contornos de uma ordem ilegítima de vida, instituída no interior de um contexto socioespacial no qual seus personagens são rejeitados, mas do qual se vêem pertencentes.
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Bibliografia
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BOURDIEU, Pierre. (2007). A Distinção: crítica social do julgamento. Porto Alegre, Editora Zouk.
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_________________ (2001). A Produção da Crença: contribuição para uma economia dos bens simbólicos, Porto Alegre, Editora Zouk.
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_________________ (1992). O poder simbólico, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil.
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COELHO, Maria Cláudia. (2003). “Dádiva e emoção: obrigatoriedade e espontaneidade nas trocas materiais”. Revista Brasileira de Sociologia da Emoção. João Pessoa, GREM.
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ESCOREL, Sarah (1999). Vidas ao léu: trajetórias de exclusão social. Rio de Janeiro: Fiocruz.
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GOFFMAN, Erving (1989). A Representação do Eu na Vida Cotidiana. Petrópolis, Vozes.
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______________ (1988). Estigma. Notas Sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada. 4 ed, Rio de Janeiro: Guanabara.
*
GOLDANI, Ana Maria (2002). “Família, gênero e políticas: famílias brasileiras nos anos 90 e seus desafios como fator de proteção”. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 19, n.1, jan/jun.
*
KOURY, Mauro Guilherme Pinheiro (2005). Amor e dor: Ensaios de antropologia simbólica. Recife: Bagaço.
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_______________________________. (2001). “Enraizamento, pertença e ação cultural”. Cronos, v. 2, n.1, janeiro/junho.
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_____________________________. (2003). Sociologia da emoção. Petrópolis: Vozes.
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MARTINS, José de Souza. (2000). A sociabilidade do homem simples. São Paulo: HUCITEC.
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______________________ (2003). A sociedade vista do abismo. Petrópolis: Vozes.
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Pesquisador: Anne Gabriele Lima Sousa
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Resumo: Esta pesquisa busca compreender os processos simbólicos que permeiam a construção dos vínculos sociais e a elaboração das referências emocionais que dão sentido a uma subcultura da vida de rua, a partir das respostas adaptativas e das estratégias de sobrevivência que permeiam as redes de sociabilidade dos indivíduos adultos em situação de rua, inerentes ao cenário urbano da cidade de João Pessoa, capital do estado da Paraíba.
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Busca-se, sobretudo, apreender as relações intersubjetivas dos indivíduos em situação de rua em sua vida cotidiana nos espaços físicos (com valor funcional) e simbólicos (com valor afetivo), a partir do modo como constroem suas memórias afetivas e, a partir delas, se localizam, se posicionam, percebem o mundo social e interagem com ele.
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A pesquisa está em desenvolvimento e objetiva a composição da minha tese de doutorado em sociologia, com defesa prevista para fevereiro de 2011.
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A apreensão dos processos simbólicos que permeiam as formações societárias entre os indivíduos em situação de rua de João Pessoa busca suporte analítico nas reflexões despertadas pela Sociologia das Emoções (KOURY, 2001, 2003 e 2005), pela Sociologia do Reconhecimento (SOUZA, 2003 e 2006; TAYLOR, 1995 e 1997a), pela Sociologia da Vida Cotidiana (GOFFMAN, 1988 e 1989; MARTINS, 2000 e 2003) e pela Sociologia da Cultura (BOURDIEU, 1992, 2001 e 2007), promovendo o debate teórico-metodológico entre áreas de concentração distintas, mas que interligam-se na análise do comportamento social contemporâneo.
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A compreensão da dinâmica encenada pelos atores da pesquisa vem sendo realizada através de um esforço etnográfico, de descrição e interpretação das práticas e das rotinas que permeiam as relações inerentes ao campo, permitindo um conhecimento mais detalhado sobre ele.
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O contato inicial com os atores da pesquisa se deu por intermédio das ONG’s e dos demais órgãos que desenvolvem algum tipo de atividade com esta população. O acompanhamento das atividades das organizações, com o intuito de observar e me fazer ser percebida e reconhecida, visou, principalmente, minimizar o estranhamento da população em relação à figura de pesquisadora estrangeira ao grupo, para a construção de uma relação de confiança recíproca, favorecendo a natureza do processo interativo, necessário para o desenvolvimento das demais etapas da pesquisa.
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Identificados os informantes-chaves para o aprofundamento das questões relevantes para a pesquisa, o momento seguinte foi o de dissociar a minha posição de pesquisadora com a imagem institucional do órgão que intermediou a primeira aproximação com os atores. Esse esforço foi necessário, para que pudesse, uma vez já estabelecido o contato, construir relações mais estreitas com os informantes, para que me fosse permitido acesso ao conjunto de experiências e de significados que dão sentido às trocas interacionais, ambíguas e contraditórias, provindas do multipertencimento nas distintas situações de inserção, nas redes de sociabilidade em que eles fazem partem.
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A partir desses informantes-chaves, a seleção dos demais informantes têm sido do tipo bola de neve, onde o diálogo com determinado informante revela personagens significativos para a compreensão do fenômeno social investigado. Tem-se, no entanto, buscado abarcar indivíduos com características diferenciadas, de modo a oferecer um amplo conjunto de interpretações sobre o mundo social do qual fazem parte, bem como a identificar os diferentes tipos que compõem esta população, no que tange aos seus padrões de inserção e estilo de vida adotado na rua.
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As entrevistas orais têm sido realizadas em profundidade, através de encontros sucessivos com o mesmo informante, no intuito de captar os distintos elementos inerentes às suas trajetórias sociais, culturais e emocionais, bem como perceber ênfases e contradições nas suas narrativas.
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Apreender as emoções expressas nas narrativas implica compreender a relação que os indivíduos estabelecem com o mundo social que eles tecem e que adquire sentido para eles, na elaboração das memórias afetivas de suas experiências urbanas.
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Servindo-se da memória como ferramenta de elaboração das lembranças e de localização e inscrição do sujeito em um contexto sociocultural específico, a pesquisa tem buscado levantar como se dá a construção de suas identidades sociais e de suas redes de sociabilidade, bem como analisar como se configura os processos de enraizamento e pertença entre os diferentes grupos de indivíduos que compõem a população em situação de rua.
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Os indivíduos urbanos em situação de rua, população situada no nível mais baixo da estrutura de classes, estão localizados em uma posição de estigmatização (GOFFMAN, 1988) e extrema exclusão, por adquirirem visibilidade a partir da não participação legítima, arbitrária ou inevitável, das convenções sociais reclamadas para a aceitabilidade e reconhecimento no cenário social urbano contemporâneo, tais como casa (em uma concepção que a compreende enquanto espaço privado e endereço fixo), trabalho (ocupação formal e fixa) e família (dentro do modelo tradicional de estrutura familiar), entre outros. Além disso, a materialidade através da qual o corpo dos indivíduos em situação de rua é percebido, ao contrariar os padrões socialmente instituídos de etiqueta corporal, justificam a impossibilidade de integração desses indivíduos ao cenário urbano de forma assentida.
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A dissociação desses modelos classifica esses indivíduos como não-adequados à vida pública urbana, por situarem-lhes como o contrário, ou o negativo, dos tipos aceitáveis de indivíduos.
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Segundo Martins (2000), estranhos e prejudiciais ao espaço, sobretudo à sua imagem, os trajetos desses indivíduos causam desconforto e embaraço aos demais habitantes urbanos, onde o seu afastamento assume os traços de medo de contágio.
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Isto se dá porque, no imaginário social predominante na atualidade, a pobreza econômica é vista como solo da desagregação moral e, neste sentido, a condição de pobreza extrema é sempre passível de se converter em marginalização (Telles, 1990). O indivíduo em situação de rua, nesta direção, é reduzido à condição de coisa descartável (MARTINS, 2003), percebido por grande parte da sociedade a partir de classificações pejorativas, como marginais, vagabundos, bêbados, loucos, ladrões, entre outras representações, que refletem a ótica hierarquizada e o princípio de repugnância a partir do qual são qualificados (SERRANO, 2004).
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Além da postura de desprezo, outra postura assumida pelas outras parcelas da população urbana, é responsável pela reafirmação da inferioridade dos indivíduos em situação de rua. Trata-se, das expressões de compaixão, que demarcam o lugar do outro, subalterno, digno de piedade e caridade, distanciando-o da posição de igualdade (COELHO, 2003).
Para Snow e Anderson (1998), se, de um lado, esses indivíduos são objeto de medo e desprezo, pois se considera que eles ameaçam o bom funcionamento social, por outro lado, são dignos de compaixão, pois se acredita que eles consistam em vítimas das forças sociais e do azar. Há, em ambos os casos, o reconhecimento da sua subalternidade frente aos demais.
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A pesquisa tem buscado dar voz aos protagonistas dessas relações, dando realce às suas subjetividades e à construção de significados acerca de si mesmos e dos demais indivíduos, em meio aos processos interativos aos quais são submetidos em sua vida cotidiana nos espaços públicos citadinos, bem como às emoções despertadas por tais vivências, analisando os elementos e práticas sociais que mediam a instituição de uma subcultura da vida de rua.
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As trajetórias sociais heterogêneas reveladas na coleta de dados têm descortinado diferentes mecanismos de inserção, estratégias de sobrevivência e formas de sociabilidade, fundando estilos de vida distintos entre os indivíduos em situação de rua, atores desta pesquisa.
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Apesar da incompletude do trabalho de campo não permitir considerações definitivas sobre os resultados pesquisa, algumas características podem ser elucidadas, a fim de esboçar algumas questões que cerceiam o cotidiano da vida de rua na cidade de João Pessoa.
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A intensa mobilidade sócio-espacial faz com que o nomadismo figure como uma das características mais comuns da vida de rua. Diante da supervalorização do trabalho formal como única possibilidade de inserção e reconhecimento do indivíduo pobre em certas estruturas sociais contemporâneas, a migração por entre cidades, estados e países apresenta-se como uma densa prática exercida por indivíduos situados em classes menos favorecidas economicamente, oriundos, principalmente, de áreas geográficas precárias, que se dirigem aos centros urbanos na procura por alternativas de sobrevivência material.
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Para Martins (2000), os processos migratórios vivenciados por indivíduos que já preliminarmente suprimiram seus valores sociais de referência em prol da busca por oportunidades de trabalho, são intensificados pelo não-reconhecimento de um espaço como um lugar de familiaridade, de formação de vínculos, levando o indivíduo a deslocar-se incessantemente por diferentes regiões físicas e morais. Esse desenraizamento revela a ausência de integração do indivíduo com as redes de sociabilidade do meio em que habita, levando-o a migrar em busca de um espaço de participação e de reconhecimento, que lhe ofereça a sensação de pertencimento.
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O contexto de instabilidade socioespacial encenado por grande parte da população de indivíduos em situação de rua nos centros urbanos produz um jogo de reflexos, onde os movimentos migratórios na busca pela sobrevivência material dificultam o estabelecimento de vínculos fortes e de relações duradouras, ao mesmo tempo em que a impermanência dos vínculos e o enfraquecimento das redes próximas de proteção amplia a sua propensão aos deslocamentos territoriais.
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Apesar da maior parte da população em situação de rua de João Pessoa ser proveniente do próprio estado, e de muitos, inclusive, possuírem parentes na própria cidade, quase a totalidade dos informantes abordados pela pesquisa até o momento, já migraram para outros estados em busca de trabalho ou da construção de vínculos que lhes oferecessem conforto emocional, em meio às conjunturas protagonizadas pelos mesmos ao longo de suas vidas.
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A pertença, segundo Koury (2001) é o fundamento da percepção dos sujeitos da sua auto-imagem e do seu lugar no mundo. Entre os entrevistados, principalmente entre os idosos, o retorno à cidade de origem representa a busca por reencontrar suas raízes, diante do sentimento de pertença com o local. Mesmo diante das rupturas originais que levaram aos deslocamentos, a impossibilidade da construção de vínculos suficientemente sólidos com os locais por onde migraram, favorecem o retorno às origens como modo de buscar um lugar de familiaridade, a partir do qual podem reconhecer a si mesmos.
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No que tange às causas que levam ao desabrigo, estes não têm origem exclusivamente estruturais, nem tampouco individuais, mas residem na interação entre esses dois elementos, assumindo uma forma espiral, onde um fator deflagra o outro, simultaneamente.
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No caso desta pesquisa, a erosão de uma rede de apoio familiar solidária tem se apresentado como o principal fator de ingresso dos indivíduos nas ruas. Na sociedade contemporânea, onde a família é percebida como suporte material e afetivo dos indivíduos, amortecedor institucional entre as estruturas sociais do mundo mais amplo e suas estruturas psíquicas, e principal instituição formadora de seus valores, atitudes e padrões de conduta (GOLDANI, 2002), a deficiência das bases relacionadas a essa estrutura pode levar a uma desorganização das estruturas emocionais dos indivíduos. Quando os indivíduos não conseguem suportar as adversidades, ou não encontram no plano familiar amparo para as suas dificuldades, o ingresso na rua muitas vezes se revela como fuga, ou mesmo como única alternativa à crise instaurada.
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Associado à falta de uma base familiar sólida, o álcool figura, não apenas como um dos principais personagens da composição de uma subcultura da vida de rua, mas como um dos principais fatores de fragmentação familiar e causa de ingresso nas ruas. As experiências narradas pela maior parte dos informantes têm revelado o alcoolismo, mais como princípio motor determinante da situação de rua, do que apenas uma via de fuga alternativa das adversidades em que são sujeitados em seus contatos intramundanos.
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A memória social constituída pelas experiências dos indivíduos em situação de rua, em meio às constantes reorganizações socioespaciais que a vida nas ruas os submetem, tem se revelado pelas narrativas como permeada de um contínuo processo de ressignificações, onde passado, presente e futuro adquirem sinais de descontinuidade. Os relatos revelam uma instabilidade na forma como o passado é reconstruído, ora a partir de embelezamentos favoráveis, ora ressaltando intensas dores e desilusões.
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É comum, entre os indivíduos recém-imersos na rua, a negação em relação à sua condição de desabrigo, como uma tentativa de fuga das relações de hostilidade em que se vêem sujeitos e, sobretudo, como modo de reafirmar o seu valor como ser humano, lesado pelos lembretes de sua extrema inferioridade, reproduzidos nas circunstâncias corriqueiras.
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No entanto, à medida que o tempo na rua vai cristalizando a vivência em seu interior, os indivíduos passam a se familiarizar com as circunstâncias que a permeia, passando a atribuir sentidos a si mesmos e reivindicando suas identidades sociais no interior da conjuntura em que se encontram (Snow e Anderson, 1998).
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O reconhecimento de si mesmo como pertencente ao espaço da rua carrega consigo toda a carga internalizada que concebe a rua como espaço de desorganização, destituída de qualquer moralidade, evidenciando com isso um acordo de subalternidade do indivíduo em relação ao seu valor próprio e ao significado da sua existência na rua (TAYLOR, 1997a).
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Nesta direção, as narrativas dos atores da pesquisa acerca das circunstâncias cotidianas experienciadas por eles têm revelado um consenso incutido socioculturalmente no modo como olham para si e se colocam no mundo, através de um auto-reconhecimento do seu estado de inferioridade frente aos demais, a partir da interiorização dos mesmos critérios utilizados pela autoridade externa para classificá-los como inferiores. Assim, os indivíduos em situação de rua se comportam e percebem as situações a partir da concordância de que valem menos que os demais indivíduos, têm menos direitos e são menos dignos de respeito (SOUZA, 2003 e 2006).
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Há, desta forma, uma naturalização da desigualdade, compondo regras de convivência em seu interior, onde a diferença e a necessidade passam a ser encaradas como habituais, condição dada pela natureza e assumida como um fado do qual não se pode fugir (BOURDIEU, 2001 e 2007).
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As questões explanadas nas linhas precedentes, entre outras relações identificadas no campo até o momento, não devem ser tomadas como definitivas, pois, uma vez que a pesquisa empírica está em andamento, outros elementos podem ser identificados, alterando também as percepções sobre o objeto estudado e os rumos da análise.
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Além disso, a diversidade de contextos revelados nas histórias de vida e nas experiências cotidianas dos entrevistados faz com que a posição dos indivíduos frente aos elementos identificados assuma contornos distintos, diferenciando-os e configurando tipos específicos de moradores de rua.
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Neste sentido, as posições dos indivíduos quanto aos fatores que os levaram para as ruas, o tempo de moradia nas ruas, suas aspirações de sair ou permanecer, suas disposições a enraizamentos ou desenraizamentos territoriais, bem como suas posturas em relação ao álcool ou outras drogas, suas escolhas em relação ao modo de dormir e de adquirir dinheiro e bens materiais, e o modo de perceberem a si mesmos, o mundo social e a se localizarem e interagirem com ele, funda semelhanças e gera distinções entre pautas comportamentais, descortinando tipos identitários distintos, arrolados a estilos peculiares de vida. Traça-se, desta forma, os contornos de uma ordem ilegítima de vida, instituída no interior de um contexto socioespacial no qual seus personagens são rejeitados, mas do qual se vêem pertencentes.
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Bibliografia
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