sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Dica do GREM: Assistam A Casa dos Mortos
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
*
MK – Eu que agradeço a oportunidade de falar sobre a minha pesquisa que discute a relação luto e sociedade urbana no Brasil.
*
*
*
*
JW – Vamos, então a primeira pergunta: Por que as sociedades criaram e conservam rituais envolvendo seus mortos? Em geral, qual a função desses rituais para as mesmas?
MK - O ritual dos mortos é uma prática social que tem como função, entre outras, a de dominar e integrar a morte no interior de uma sociabilidade dada. A morte passa a ser social através dos rituais a ela impostos. Em sociedades onde o espírito de coletividade era mais evidenciado, a morte trazia em evidência um corpo individualizado daquele que morreu criando uma espécie de tensão entre a composição biológica do sujeito e a composição social do mesmo, deixando as sociabilidades onde ocorreu a morte em crise. Os rituais da morte serviriam, assim, para repor o corpo morto (biológico) individualizado nas malhas do social. Servia como uma espécie de integração do morto (e da morte) ao social.
A morte, através do corpo morto, deixava assim de representar uma ameaça a uma dissolução do social, ou a partes dele, e passava a integrar todo uma composição de re-socialização do sujeito morto (e os entes queridos que permanecem) à prática e a visão de mundo de uma sociabilidade específica.
Os rituais servem assim como uma espécie de domação da morte pelo social. Ela passa a fazer parte de regras sociais, ditadas pelo social e com uma função específica naquele social. Uma delas é a integração do sujeito morto e da dor dos que ficam ao cotidiano societário, outra delas é domar a natureza, integrando o corpo morto ao social e sentindo-se transformador da morte: a cultura dispondo a natureza às suas regras e controle, como forma de subsistência da própria sociedade. A outra, esta relacionada como o mundo sobrenatural. O corpo morto não entregue a prática ritual é um corpo morto em possível danação, que pode querer vingar-se dos vivos e da sociedade onde emergiu. Desta forma, os rituais também buscam domar o sobrenatural através da indicação da passagem do morto para o além. Desta forma, os rituais funerários, os rituais do luto são rituais integradores do sujeito morto e da dor dos que ficam a uma cotidianidade de uma sociabilidade qualquer, como forma de domesticação da morte à visão de mundo desta mesma sociabilidade.
*
MK - Primeiro, porque a pessoa que perde alguém é uma pessoa ligada a uma prática social específica, tanto quanto a que morreu. Uma pessoa socializada dentro de uma perspectiva de mundo, onde uma ética, um conjunto de emoções, e uma espiritualidade específica, formam um olhar específico sobre si mesmo e os outros próximos e distantes. Esta forma de olhar (socialmente datado tempo e espacialmente) comanda noções de dignidade e respeito, que tem a ver com o acesso ao corpo e os exercícios do transpasse do morto pelos rituais funerários e pelos rituais religiosos onde também estão ligados. Pensar aqui que a Religião é uma construção social também, mas que remete a uma forma de sociabilidade onde o coletivo é superior aos atos individualizados. A crença na outra vida, uma forma de domar a morte pela vida eterna, faz com que não se deseje o espírito morto vagando. É necessário encaminhá-lo, através dos rituais a um destino específico.
Tratar os mortos com dignidade e respeito é uma forma de referenciar os mortos, através das práticas sociais a que os indivíduos estão submetidos enquanto pessoa; e é também uma forma de referenciar a si mesmo, enquanto cidadão e enquanto família, e enquanto religião, e enquanto laços de amizades e vizinhança. É uma forma também de se permitir saber que o corpo morto é um corpo domado. A ausência de um corpo na morte da insegurança aos entes queridos sobre a própria morte do sujeito, e não permite que os que ficam façam luto. O luto é uma forma de internalização do sujeito morto nos que ficam. Para a psicanálise, uma dor necessária para uma reintegração dos que sofrem à vida, para a antropologia e a sociologia, uma dor que precisa ser ritualizada para que os que a sofrem possam reintegrar-se a uma cotidianidade, ao dia a dia social.
Por outro lado, a crença nos rituais integradores, onde os funerários então inclusos, além da necessidade de visualização do corpo morto, do certificar-se de sua morte, precisam também de práticas outras que o permitam fazer o transpasse deste corpo morto para novas realidades, do sobrenatural, por exemplo. Cheio de regras e formas rituais de passagem. Além da questão de higiene pessoal, dos que ficam, e societárias. Um corpo morto necessita de um destino, senão contamina os vivos, pela putrefação do cadáver, etc. Também pode tornar-se um corpo animalesco, e os próprios entes queridos animais, se não há cuidado ritual com o corpo que se foi. De novo a relação natureza versus cultura.
*
MK - A prática de enterro dos mortos não é necessariamente a única prática ritual de despacho dos mortos. Existem sociedades que cremam os corpos, a hindu, por exemplo, e as cinzas do sujeito são jogadas nos rios para serem levadas para o mar, como um simbolismo de passagem para o além.
Várias sociedades, no entanto, caminham para a prática do enterro como uma forma de reintegração do sujeito a terra: uma espécie de simbolismo entre natureza/sociedade/sobrenatural. O sujeito se decompõe, e a decomposição acompanha, em muitas sociedades, a natureza dos rituais. Algumas sociedades africanas fazem mais de um enterramento do cadáver, entre o ato da morte e o ato final de retirada dos ossos. Cada ato ritual acompanha o desenterramento e o novo enterro e tem funções específicas do controle do espírito do que se foi e do luto dos que ficam até a liberação dos que ficam e do que se foi à restauração de suas vidas na cotidianidade social.
Na sociedade ocidental, os enterros tal como os nós os vemos no hoje é algo recente e diz respeito ao tipo de sociabilidade que emergiu onde o indivíduo tem uma supremacia relativa sobre o social. Podemos pensar nesse processo de individualização do social na sociedade ocidental a partir do século XII, mas as formas rituais ditas modernas têm sua configuração no final do século XVIII em diante.
Na idade média, os mortos importantes, clérigos e alguns reis e poderosos, eram enterrados na igreja, no interior da igreja. Os mortos comuns eram enterrados nas estradas, ou em covas comuns perto das igrejas. Os corpos eram jogados uns acima dos outros, num buraco constantemente aberto.
Posteriormente, com a higienização das cidades, os cemitérios foram afastados das cidades e os mortos começaram a ser depositados nele. Os cemitérios eram de ordens religiosos e eram tidos como uma espécie de "campo santo". Nele, os mortos tinham um destino mais perto do Senhor.
Tem histórias que relatam fatos tragicômicos: a maioria dos homens comuns não possuía renda suficiente para enterrar os seus mortos nos cemitérios. Era comum, então, que na calada da noite corpos mortos fossem arremessados de fora para dentro dos cemitérios, ou se penduravam corpos em árvores que tivessem galho para dentro do cemitério, como forma de proteger os seus mortos.
A briga de ter um corpo morto a salvo era assim premente.
Por outro lado os cemitérios não causavam medo ou receio, como agora, era um local onde sociabilidades emergiam: feiras livres, locais de namoro clandestino, ou de paquerar, trocas e encontros diversos eram realizados no interior dos seus muros. Só com a política de higienização do século XIX é que as regras de saneamento passam a reconfigurar os rituais fúnebres. Os sete palmos de terra mínimos, as covas individualizadas, os mausoléus indicando a importância dos mortos, a cova rasa com uma cruz, simbolizando entrega do morto para Cristo, etc.
É aí que em nossa sociabilidade, a ocidental, que emerge e revigora um comércio fúnebre...
*
*
A pobreza enterrava os seus mortos em covas coletivas, pertos dos locais santos (Igrejas e conventos), os perto de suas casas e beiras de estrada. Com o disciplinamento dos cemitérios e a questão da higienização das cidades, as regras do enterro e a prática de uma forma de enterro específico fazem vigorar o comércio e instituições voltadas para o serviço fúnebre. Isso se dá principalmente no final do século XIX.
*
MK - Na sociabilidade moderna, ocidental, onde o Brasil faz parte como legado da colonização, o comércio fúnebre visa a facilitar o despacho e o transpasse do morto. Ninguém tem mais tempo de fazer sozinho o caixão, sair colhendo flores no campo, sair com ele (o caixão e o defunto dentro) nas costas, e não se pode por enterrar ou depositar o corpo em qualquer lugar, por quebrar normas de higiene, e normas de propriedade de uma sociabilidade.
O comércio fúnebre vem, assim, suprir uma prática cada vez mais individualista do ritual fúnebre. Serve também como elemento de status social, quanto mais rico e adonardo, quanto mais vistoso o velório e mais pomposo o enterro, mais status social o sujeito, e logicamente a família que fica possui.
No século vinte, os serviços funerários se especializam, ornamentos e enfeites: tipo flores, adornos, etc., ficam nas mãos de especialistas, caixões também, locais de velórios, cortejo, vaga nos cemitérios (que deixam de ser ligados à igreja e se secularizam, passando a ser administrados pelas prefeituras locais, e dos anos setenta para cá, por setores privados), bem como as ajudas psicológicas ao luto, psicólogos, psicanalistas, assistentes sociais, entre outros, passam a exercer uma função que antes era exercida pela sociedade como um todo, ou pela Igreja em particular. Os serviços de restauro da pessoa em dor passam a ser um serviço de acompanhamento individualizado. No Brasil, por exemplo, existem Núcleos de Apoio à Pessoa Enlutada, serviços que envolvem psicólogos, médicos, assistentes sociais, sociólogos e antropólogos, que tem como função amenizar a dor do luto nos que ficam e reintegrá-los a prática cotidiana social.
Isso sem falar nos cartórios e instâncias ligados a advocacia, para agendamento da herança dos sujeitos mortos, problemas deixados em vida, etc. Ajudando os que ficam a resituar-se no social, pela restauração e equilíbrio moral, ético, econômico e de dignidade do que se foi. É comum aflorar vários problemas após o transpasse da pessoa que é necessário ser resolvido para que os que ficam possam retornar a normalidade.
Sem falar na religião, onde ainda detém um papel importante: tanto psicológico, na restauração e amenização da dor dos que ficam; como na integração do morto na outra vida (ou pelo menos nas formas de vidas que cada religião particular invocada no hoje, constrói).
Sem falar ainda nos hospitais. O homem moderno deixou de morrer em casa e passou a morrer nos hospitais. O serviço médico tornou-se assim imprescindível para o serviço fúnebre. O atestado de óbito, por exemplo, só pode ser dado por um médico. Eles detêm o poder da vida e da morte social. Sem um atestado de óbito o sujeito não pode ser considerado morto, com todos os problemas que daí surge para os que ficam. Problemas psicológicos, econômicos, morais, etc. que dificultam os que ficam fazer o luto e retornar a uma cotidianidade específica.
A partir do século XX, a morte é comandada por uma enorme e diversificada e especializada indústria funerária.
*
*
As flores sempre tiveram um significado de ligação com o conceito de paraíso a um jardim, o jardim de éden. Por isso, nas práticas cristãs funerárias, a partir do século XIX, é incorporada a preparação do corpo morto e a homenagem para com ele, no Brasil
*
*
*
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Luto e Sociedade
terça-feira, 22 de setembro de 2009
*
A entrega dos troféus reconheceu publicamente o trabalho de fotógrafos, fotógrafas e pesquisadores da fotografia que ao longo do tempo deixaram suas contribuições para o fortalecimento da fotografia paraibana.
*
Mais informações sobre a sessão podem ser lidas no Blog Fórum da Fotografia Paraíbana no endereço: http://forumdafotografiaparaibana.blogspot.com/2009/09/sessao-especial-homenageia.html
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
A política como sujeira
Mauro Guilherme Pinheiro Koury
Em uma enquete realizada sobre sujeira e imaginário social urbano no Brasil, em seis cidades brasileiras: João Pessoa, Recife, Belém, Brasília, São Paulo e Curitiba, entre os meses de abril e maio de 2009, foram perguntados a 390 brasileiros, entre outras questões, o que eles mais achavam sujo ou consideravam sujeira. As respostas foram várias, desde falta de higiene, até respostas homofóbicas e discriminatórias. Mas o que chamou atenção foi o grande número de respondentes que afirmaram a política brasileira como algo sujo, 26,6%. É sobre esse conjunto amostral, de 104 pessoas, que este artigo versará.
Os 26,6% de brasileiros que indicaram como sujeira a política brasileira, ao serem distribuídos pelas seis capitais de estados pesquisadas, se situam do seguinte modo: 23,4% da cidade de João Pessoa (PB); 38,3% de Recife (PE); 28,4% de Belém (PA); 21,1% de São Paulo (SP); 16,6% de Curitiba (PR) e 35% de Brasília (DF). O maior índice de indicação da política nacional como algo sujo foi encontrado entre os moradores da cidade do Recife, seguido de perto por Brasília. Os menores índices de indicação foram encontrados entre os respondentes de Curitiba, seguido pelos residentes na cidade de São Paulo.
As duas grandes categorias onde as diversas respostas individuais dos entrevistados foram agregadas, relativas à questão da política como algo sujo, falam da Falta de Zelo com a Coisa Pública, com 15,1% das indicações, e Desrespeito ao Cidadão, com 11,5% das respostas nacionais. Por falta de zelo com a coisa pública os entrevistados são claros na comparação da política praticada por políticos profissionais no Brasil como sujeira, nas esferas federal, estadual e municipal, pela indicação da corrupção ativa, e do legislar e agir em causa própria. Os escândalos que a sociedade brasileira vivencia desde os anos finais do século vinte até agora, como o de desvio de verbas públicas, o mensalão, a operação vampiro e outras, subornos, contratações ilícitas no congresso, enriquecimentos rápidos e inexplicáveis de políticos, uso da máquina pública para cabide das mais diversas práticas abusivas de beneficiamento da família ou pessoal, o eterno acabar em pizza das CPIs, os partidos como cabides de interesses estratégicos para uso pessoal, a falta de ética como fundamento partidário e da política no país, entre inúmeros outros, são apontados pelos entrevistados como sendo a prática política no Brasil. O que os fazem ter nojo da política e dos políticos no Brasil considerados, como disse um entrevistado recifense, “como um bando de porcos no chiqueiro, quando aparece alguma lavagem (a mistura de restos de comida com que são alimentados os porcos criados em fundos de quintais)”.
Por desrespeito ao cidadão, por outro lado, os entrevistados indicam, entre outras comparações, a de que os políticos “só aparecem quando querem se eleger, depois esquece o eleitorado”. Esta afirmação geral dada por um entrevistado da cidade de Belém sintetiza, grosso modo, uma boa parte das mágoas com a política por parte do homem comum urbano brasileiro. Essa queixa trás embutida outras tantas, que dizem respeito, principalmente, ao poder executivo. Embora, em muitos casos, revele ainda uma mentalidade clientelista por parte do eleitorado, da relação político-eleitor.
Promessas pessoais feitas durante a campanha para possíveis eleitores e depois esquecidas quando conseguem assumir algum posto no legislativo ou no executivo, são apontadas por alguns entrevistados, que se colocam descrentes do voto e aproximam a prática política da podridão, do político como aproveitador, da política como sujeira. Por outro lado, grande maioria das respostas reside no descumprimento de promessas de campanha para melhorias na infra-estrutura urbana, a partir do próprio bairro ou comunidade do eleitor.
Outro núcleo grande de indicações do desrespeito ao cidadão se coloca em alguns problemas de âmbito mais geral que atingem os moradores das cidades entrevistadas, como o episódio até hoje não resolvido do lixo na cidade do Recife, os problemas de transporte urbano, o estado de falência em que se encontram estradas, avenidas e ruas em todo o país, dificultando a circulação de automóveis e pessoas, aumentando o número de acidentes de trânsito e o trafego diário das vias públicas.
Outro conjunto de respostas indica a falta de iluminação pública, o que dificulta a circulação de pessoas, principalmente aquelas mais pobres, gerando medo. Outro aspecto associado como desrespeito ao cidadão, e indicativo da política como algo que dá nojo, fala da saúde pública, e das dificuldades do seu uso e do desaparelhamento dos hospitais e postos de saúde no Brasil; da educação formal e do esfacelamento da escola pública, nos três níveis, no país; falam ainda do distanciamento salarial dos políticos profissionais, bem como dos outros poderes, em relação ao salário do trabalhador comum, entre outros tantos aspectos.
Outro núcleo de indicações fala diretamente da questão do trato da violência como fazendo parte de um comércio e uma indústria mortal. Indicam os políticos em cargos legislativos e executivos como os responsáveis pelo acirramento da violência no país, não por falta de recursos aplicados, mas pelo desvio destes recursos, seja em propaganda, seja por outras formas: despreparo das forças públicas, falta de policiamento estratégico, desinteresse real da questão, embora com aparente interesse da eterna fonte de recursos para estimular este comércio e indústria nos municípios, estados e país, ampliando a cultura do medo entre os cidadãos.
Este núcleo que coloca a questão do trato da violência se desdobra por outra categoria indicada pelos entrevistados e que não será tratada aqui, que é a da Violência Urbana. Esta categoria, responde sozinha por 19,7% das indicações dos 390 entrevistados no Brasil que a visualizaram com sujeira. O que interessa aqui é mostrar a associação da política como um fato do desrespeito ao cidadão, inclusive no trato da violência pela res publica, isto é, como uma coisa do povo.
Em um ano pré-eleitoral, como 2009, onde começam a se encenar toda uma movimentação para renovação de cargos nos poder legislativo federal e estadual, bem como nos poderes executivos dos estados e do país, é interessante mostrar como a população brasileira vê e sente a política em desenvolvimento no país através dos seus políticos profissionais. A falta de ética, o uso pessoal e partidário da máquina política, o desrespeito ao cidadão, são apontados como problemas estruturais da política no país que levam a descrença do eleitor para o destino de seu voto: “em qualquer político novo ou antigo que se vote, ele assumiu o poder vira um safado igual aos demais que só pensa no seu bolso e no seu benefício”, sintetiza uma entrevistada de João Pessoa, e o fazem ver a política como algo sujo.
É bem verdade que uma pesquisa realizada em 2005 pelo Ibope, mostrou que 67% dos entrevistados diziam que se estivessem no poder faziam a mesma coisa que os políticos que lá estão: roubar e colocar a máquina política a seu favor. O que mostra o imaginário do jeitinho pessoal já tratado pelo antropólogo carioca Roberto DaMatta em vários ensaios sobre a forma de ser do brasileiro. Ou da expressão popular: “rouba, mas faz”, como forma síntese do político que se dá bem, mas também executa obras, tão comum na política nacional desde meados da década de cinquenta do século passado. Nunca, porém, a política foi tão mal vista no imaginário popular como nos últimos anos.
Em várias respostas os entrevistados ampliavam o seu argumento com a indicação do votar porque é obrigado, e da intenção de votar nulo ou em branco, pois todos os políticos, no fundo, são iguais: o que equivale a desonestos e que só pensam em si. Espelhando a desilusão com a política, com os políticos e com os poderes constituídos no país.
Em um país onde a democracia dá os seus primeiros passos para a sua consolidação e longevidade, esta desilusão para com a política pode ser fatal. É hora dos partidos e dos políticos novos e velhos repensarem a sua prática, e fazerem uma reflexão séria sobre o significado da política e sua relação para com a nação. 2010 pode ser um grande ano para se rever as bases reflexivas do que o Brasil quer e precisa.
E o homem comum brasileiro precisa deixar de lado amarras clientelísticas que o prendem a uma política do rouba, mas faz, e partir para uma reflexão sobre sua participação como cidadão na pressão consequente sobre os descaminhos da política no país. Precisa ter consciência de que pode ajudar a ampliar o nível de oxigênio da política do país, organizando resistências às práticas por ele consideradas sujas da política: afinal, são os homens comuns, cidadãos do país, que podem impor condições de permanência ou não da política como um negócio sujo.
**
***
sábado, 29 de agosto de 2009
Ao comemorar 30 anos de fundação, programou para o segundo semestre de 2009 a seguinte agenda de seminários e palestras:
*
Agosto – Dia 21
09:00h – Inauguração Sala de Exposição Permanente do Centro com a mostra
da Obra do Cientista Josué de Castro
10:00h – Painel: Josué de Castro no Exílio
Ana Maria Castro – filha de Josué de Castro e doutora em sociologia
José Arlindo Soares – CJC/UFPB
*
Agosto – dia 28
19:00h – Lançamento com debate do Livro de Elenaldo Teixeira:
“Sociedade Civil e o Papel Civil das Organizações”.
Apresentação: Maria do Carmo Araújo
Debate: Tereza Wanderley- CJC
Jose Arlindo Soares – CJC/UFPB
*
Setembro – dia 01
19:00h – Mesa Redonda: Pobreza , Migração e Globalização
Rossana Rocha Reis (USP) – “Globalização e Pobreza”
Teresa Sales (Unicamp/CJC) – “Migrações Internacionais de Brasileiros”
*
Setembro – dia 11
19:00h – Seminário Fatores de Localização das Cidades do Recife, Rio de Janeiro e São Paulo
Odete Seabra (USP) – A cidade de São Paulo
Helion Póvoa Neto (IPPURR/UFRJ) – A cidade do Rio de Janeiro
Paulo Reynaldo (CJC) – A cidade do Recife
*
Setembro – dias 15 e 16
Seminário Viabilização do Semi-Árido do Nordeste (programação em parceria com o IMIP)
*
Outubro – dia 01
19:00h – Painel – Poética e Literatura na obra de Josué de Castro
Francisco Foot Hardnam - Unicamp
*
Outubro – dia 08
19:00h – Painel - Tendências atuais da Responsabilidade Social das Empresas
Josias Albuquerque - SENAC
Lúcia Pontes - CJC/JCPM
Marcos Magalhães - ICE
*
Outubro – dia 09
19:00h – Painel - Pesquisa, Mídia e Democracia Contemporânea
Antonio Lavareda- CJC/MCI
*
Outubro – dia 16
17:00h – Painel – Planejamento Participativo e Poder Local
Novas Experiências – José Arlindo Soares – CJC – UFPB
Sergio Buarque – CJC – UPE
Amélia Reynaldo - Unicap
Júlio Lóssio – Prefeito de Petrolina
Zeca Cavalcante – Prefeito de Arcoverde
Elias Gomes – Prefeito de Jaboatão
Compareçam!!
*
**
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Imaginários Juvenis Latinoamericanos: Participação, Cultura e Sociabilidade
14 a 16 de outubro de 2009 – UFPR – Curitiba - Paraná
Submissão de Trabalhos até 21/09/09, às 23h59min
Mais informações: http://www.humanas.ufpr.br/evento/ImaginariosJuvenis/
Este Seminário é uma promoção do Centro de Estudos sobre Cultura e Imagem da América Latina – CECIAL, vinculado ao Grupo de Pesquisa Imagem e Conhecimento CNPq/UFPR, do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFPR.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Anais online da II Reunião Equatorial de Antropologia
Foram divulgados os ANAIS online da II Reunião Equatorial de Antropologia / XI Reunião de Antropólogos do Norte e Nordeste, acontecidas na cidade de Natal, RN, entre os dias 19 a 22 de agosto de 2009.
*
Os Anais contém os trabalhos completos apresentados nos vários Grupos de Trabalho durante o Encontro, e podem ser consultados gratuítamente no endereço http://www.cchla.ufrn.br/REA2009/?pg=publi
*
**
domingo, 23 de agosto de 2009
Corpos & Identidades
26, 27 e 28 de agosto de 2009
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Campus do Vale/UFRGS (sala Pantheon e auditório do ILEA)
Porto Alegre/RS
www.ufrgs.br/ppgas/olharesdiversos/
*
*
Quarta-feira – 26/08/09
LOCAL: Pantheon18h
Inscrições
18h30
Olhares Cruzados: movimentos sociais em pauta na academia
Tema: Corpos & Identidades
Liga Brasileira de Lésbicas (LBL)
Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR)
Quinta-feira – 27/08/09
LOCAL: Auditório do ILEA
8h30
*
9h
*
9h30
*
Debatedores: Profa. Zulmira Borges (UFSM) e Prof. Caleb Faria Alves (UFRGS)
*
Apresentações:
Rodrigo de Don Braga (Graduação em Medicina/ULBRA)
Título: Homofobia: Olhares dos estudantes de medicina
*
Título: Práticas de Saúde entre prostitutas de segmentos populares da cidade de Santa Maria/RS
*
Título: O movimento pró-anorexia e pró-bulimia na internet: uma reflexão sobre as práticas alimentares, saúde e doença, corpo e identidade
*
Título: O corpo homossexual na clínica psicológica
*
Intervalo para almoço
*
2ª sessão: CORPOS & RITUAIS
Debatedores: Profa. Maria Eunice Maciel (PPGAS/UFRGS) e Prof. José Otávio Catafesto (UFRGS)
*
Lige Mara Rauber Bortolotti (Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais/UFSM)
Título: A desconstrução do sujeito mulher: algumas questões para pensar a sexualidade das mulheres no envelhecimento
*
Título: O corpo do caminhante e o sentido de saúde da caminhada: um estudo etnográfico entre ecoturistas
*
Título: Observações gerais sobre a adicção e os grupos de Narcóticos Anônimos
*
Título: Corpo e Mímesis: construção de alteridades
*
16h
Coffee Break
Exposição de pôsters
Comissão julgadora: Profa. Rosana Pinheiro Machado (UFRGS) e Prof. Rafael Devos (UFRGS)
*
Nupacs 20 anos
*
LOCAL: Auditório do ILEA
9h
3ª sessão: CORPOS & SENTIDOS
Debatedores: Profa. Cláudia Fonseca (PPGAS/UFRGS) e Prof. Luiz Fernando Dias Duarte (UFRJ/PPGAS/MN)
*
Apresentações:
Alexandre Peres de Lima (Graduação em Ciências Sociais/UFRGS)
Título: Mulheres e crianças entre os compadres: uma breve incursão na questão de gênero e pessoa dentro das redes de reciprocidade de uma comunidade quilombola urbana de Porto Alegre
*
Título: Corpo, Paisagem e Identidade: uma contribuição ao tema a partir da música popular platina
*
Título: Doença e cura no Quilombo da Casca: os bons e os maus encontros
*
Título: Educação e cultura corporal em Praia Grande (Vale do Ribeira - SP) - um estudo de caso
*
11h
CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO
Prof. Dr. Luiz Fernando Dias Duarte
(Museu Nacional - UFRJ)
*
Debate Final
Divulgação do prêmio dos pôsters
*
INSCRIÇÃO – OUVINTE - até 25 de agosto por e-mail ou no local
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
RBSE - Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, v. 8, n. 23, agosto de 2009 - no ar!
*
Convidamos aos amigos visitarem o último número da RBSE – Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, v. 8, n. 23, de agosto de 2009 - ISSN 1676-8965. A RBSE é uma revista eletrônica de acesso gratuito do GREM – Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia das Emoções. A RBSE pode ser encontrada no seguinte endereço eletrônico: http://www.cchla.ufpb.br/rbse/Index.html.
*
*
*
Mauro Koury
Editor
***
INVITATION!
*
*
*
Cordially,
*
Mauro Koury
The Editor
*
**
***
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Palavras-chave: Fotografia Mortuária, Belo Horizonte, História dos Costumes
*
Keywords: Mortuary Photography, Belo Horizonte, History of Costums
RESUMO - Este ensaio trabalha com a problemática do interdito e sua relação com o objeto fotográfico. Discute as imagens traumáticas como representações culturais do sofrimento social, suas apropriações para propósitos políticos ou morais, e o uso social do sofrimento como um componente da política econômica globalizada contemporânea. Analisa, ainda, a criação de um mercado pulsante para imagens e discursos sobre o tema.
Palavras-chave: Fotografia; Interdito; Sofrimento social; Código moral; Representações culturais.
*
ABSTRACT - This paper works with the problem of the interdict and its relationship with the photographic object. It discusses traumatic images as cultural representations of social suffering, its appropriations for either moral or political purposes, and the social use of suffering as a component of the contemporary globalized economic politics. It also analyses the creation of a vigorous market for both images and speeches on the theme.
Keywords: Photography; Interdict; Social suffering; Moral code; Cultural representations
*
**
sábado, 8 de agosto de 2009
Fotografar a Morte
*
Porque é que se fotografa a morte? Mauro Koury procurou respostas através de um inquérito levado a cabo na cidade brasileira do Recife, entre 1995 e 1997. Inquérito englobado num estudo que busca compreender as atitudes dos brasileiros face ao luto e aos rituais da dor de quem perde um ente querido. Dos sessenta e nove entrevistados, 43,48% tinham formação académica ao nível da licenciatura, com 39,13% registando ensino secundário completo. Os inquiridos possuíam uma educação formal acima da média brasileira, o mesmo acontecendo em relação aos proventos auferidos. O universo auscultado pertencendo, então, às classes média e alta daquela cidade nordestina.
"92,75% frequentavam religião, contra 7,25% que afirmaram não possuir qualquer tipo de religião. Dos que aceitam alguma forma de religiosidade, 62,32% são católicos, 21,74% evangélicos e 8,70% de outras religiões (afro-brasileiras, espiritismo, religiões orientais)" - detalha o professor universitário Koury, para a seguir nos dar conta das conclusões do seu estudo.
Perguntados se possuem o hábito de fotografar os seus mortos, 84,06% afirmaram que não, contra 15,94% que disseram ter o costume da fotografia mortuária. É interessante notar que todos os evangélicos afirmaram não possuir o hábito, tendo muitos deles frisado a diabolização presente no costume, sendo condenado pela Igreja como um apego a práticas mundanas, que pecam, sobretudo, por condenar o morto ao inferno e os que o praticam de nunca poderem aspirar à salvação. São, sobretudo, os católicos que atestam a afirmação do uso da prática da fotografia de seus entes queridos mortos. A fotografia mortuária parece significar para alguns uma forma de retenção da face da boa morte, costume medieval que buscava diagnosticar através da face do morto se ele chegaria em paz ao céu, e se tinha cumprido todos os compromissos terrenos antes da hora do trespasse.
Os inquiridos que afirmaram não fotografar, responderam que a religião não permite (5,80%) ou que a fotografia mortuária era um desrespeito ao morto (15,94% das respostas). Neste tipo de informação, a religião, enquanto uma instância desindividualizadora, ou seja, superior ao indivíduo, parece actuar como o principal centro de referência e informação do sujeito em relação à fotografia mortuária.
O desrespeito ao morto parece estar relacionado com a dessacralização da morte nele representada, com os malefícios para o bem-estar celeste dele e para a salvação e possível intermediação do morto com o além para com os que ficaram. O não uso da fotografia mortuária está preso assim às amarras de uma atitude relacional, em que a religião tece as redes e dirige os seus nós para assegurar a configuração final.
Interessante, porém, é a verificação de que 31,88% dos entrevistados preferem lembrar o ente querido em vida.
Acreditam que a lembrança do morto quando em vida ameniza a solidão e torna possível uma evocação sentimental do que se foi pelos que ficam. A fotografia mortuária, por sua vez, parece prolongar a dor e é vista como uma atitude mórbida, por fixar a morte como elemento de recordação.
É o que parecem pensar também os 7,25% dos recifenses que informaram, explicitamente, que não utilizam esse costume, simplesmente para evitar recordações da dor. E mesmo os 4,35% que informaram ter pavor só em pensar na fotografia mortuária.
Para estas três categorias, a morte deve ser esquecida, se não se pode ainda domá-la e vencê-la. As atitudes do registro do corpo morto amado são rotuladas de mórbidas, olhadas com desdém. Os entrevistados que informaram ter o costume de fotografar os seus mortos, representam 15,94% dos entrevistados recifenses. As suas respostas situaram o costume como tradição (5,80%), ou como uma espécie de última lembrança do ente querido que partiu (10,14%).
As respostas relacionadas com a tradição indicam, por sua vez, a manutenção de um hábito familiar, vindo dos antepassados e conservado pelos avós e pelos pais.
O outro grupo imputa tal prática à busca de obtenção de um registro que seja a última lembrança do parente morto. Neste caso, não parece ser apenas a face da morte retratada, mas o processo de morrer. Muitos frisaram, ao lado do questionário, possuírem o registro fotográfico dos últimos momentos em vida de alguns dos seus entes queridos até à despedida final, quando o caixão é depositado na cova ou na caixa funerária.
É interessante notar que na cidade do Recife ainda hoje encontramos, junto aos cemitérios mais populares e nas centrais de velórios, fotógrafos profissionais que se oferecem aos familiares para o registro final do morto enquanto velado, ou no cortejo até a última morada. Conversando com alguns deles, revelaram sobreviver basicamente desse tipo de registro, cobrando em média cinco reais por cada foto revelada.
Essas fotografias não servem apenas para rememorar a morte do ente que se foi, mas também, e principalmente, para serem enviadas para aqueles parentes, próximos ou amigos, que não puderam assistir aos momentos finais do ente amado.
+
** - Uma versão mais ampla do Relatório sobre Luto e sociedade para a cidade do Recife, que serviu de base para a entrevista-ensaio para a CNIS foi publicada sob o título “A Fotografia Mortuária na Cidade do Recife, Pernambuco: Indicadores de um Imaginário Urbano sobre Fotografia e Morte nos Finais da década de 1990” na Revista Studium, n. 5, 2001.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
IARA BIDERMAN
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Corpo e Emoções
*
Para os leitores que trabalham com a sociologia e antropologia do corpo e das emoções, recomendo o Blog do Grupo de Trabalho sobre Sociologia do Corpo e das Emoções do XXVII Congresso da Associação Latino-Americana de Sociologia (ALAS).
*
Este Blog pode ser lido no endereço: http://cuerposyemociones2009.blogspot.com/
*
Neste Blog estão os resumos dos trabalhos a serem apresentados neste grupo temático da ALAS, bem como alguns trabalhos e revistas com números sobre a temática corpo e emoções.
*
O XXVII Congresso da ALAS se realizará na cidade de Buenos Aires, Argentina, entre os dias 31 de agosto a 4 de setembro de 2009.
*
**
***
terça-feira, 28 de julho de 2009
Tese sobre a Sociologia das Emoções norte-americana
Foi defendida no dia 20 de julho de 2009, no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal da Bahia, a tese de Marieze Rosa Torres, intitulada: Hóspedes Incômodas? Emoções na Sociologia Norte-Americana.
*
A tese examina o debate teórico e metodológico sobre emoções na sociologia norte-americana nas últimas décadas do século XX, confrontando as proposições de análise universalista e construcionista.
*
**
***
domingo, 26 de julho de 2009
Chamada de artigos para a Revista Brasileira de Sociologia da Emoção
A RBSE – Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, ISSN 1676-8965, está recebendo artigos e resenhas para o seu próximo número de dezembro de 2009.
*
Os artigos e resenhas devem seguir as NORMAS DE PUBLICAÇÃO da revista encontrada no seu site http://www.cchla.ufpb.br/rbse/Index.html .
*
Os artigos e resenhas devem ser encaminhados unicamente para o e-mail grem@cchla.ufpb.br aos cuidados de Letícia Knutt, secretária da RBSE/GREM.
*
Fotos, tabelas, ilustrações devem ser encaminhadas em arquivos separados e indicados no texto original o lugar onde devem ser colocados.
*
A RBSE é uma publicação eletrônica do GREM – Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia das Emoções.
*
**
***
sábado, 25 de julho de 2009
Chamada para artigos Revista Os Urbanitas
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Suiça: Bolsas de Estudos 2010/2011
*
terça-feira, 21 de julho de 2009
Lançamento de Livro de Fernando de Tacca (Unicamp)
*
TACCA, Fernando de. "Imagens do Sagrado - Entre Paris Match e O Cruzeiro". Editora da Unicamp e Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, Campinas/São Paulo, 2009
*
Página de divulgação:
http://www.iar.unicamp.br/docentes/fernandodetacca/ImagensdoSagrado/index.htm
*
Sobre o Autor:
Fernando de Tacca é Professor Livre Docente do Departamento de Multimeios, Mídia & Comunicação do Instituto de Artes - Unicamp, e Editor Revista Studium: http://www.studium.iar.unicamp.br
*
*